O que são Terpenos?

Os terpenos encontram-se em sementes, flores, folhas e raízes integrando uma diversificada classe de substâncias naturais presentes nos vegetais.

Os terpenos conferem cor, sabor e aroma às plantas, isto é, trata-se de componente importante dos óleos essenciais. São muito utilizados na aromaterapia, contudo não se restringem somente a estas características.

Os terpenos também atraem insetos polinizadores, além de afastar predadores. Retardam a maturação das plantas e regulam o seu metabolismo.

Os terpenos e flavonoides, indicam o melhor momento para que a planta seja colhida a fim de se aproveitar da melhor forma todo seu potencial terapêutico.

No caso da Cannabis, os terpenos modulam o efeito dos canabinóides, ou seja, aumentam a interação entre eles, além de fornecer os seus próprios benefícios à saúde.

Sendo assim, estes componentes possuem propriedades terapêuticas, tais como, efeito bactericida, anti tumoral, anti inflamatório, sedativo e analgésico, entre outros.

Recentemente, uma cientista da Universidade da Califórnia em Los Angeles, recebeu uma doação de 3,9 milhões de Dólares para investigar como a cannabis pode ajudar no alívio da dor.

Segundo algumas teses, acredita-se que os terpenos, responsáveis pelos aromas e sabores distintos da cannabis, possam melhorar as propriedades de alívio da dor do THC e reduzir os efeitos colaterais indesejados.

Logo, a pesquisa irá determinar como os terpenos e o THC interagem entre si, fenômeno conhecido como efeito “entourage” ou comitiva.

Para conduzir o estudo, os pesquisadores examinarão dois terpenos, o mirceno e o cariofileno.

Mirceno

É o terpeno mais encontrado na CannabisEm algumas variedades chega a compor cerca de 60% do seu óleo essencial. Também encontrado na manga, lúpulo, manjericão, entre outras plantas.

Característica: Possui um aroma e sabor terrosos, parecidos com o cravo e frutas tropicais.

Efeitos: Analgésico, anti-inflamatório e antibiótico.

Limoneno

Este terpeno também é encontrado com bastante frequência na Cannabis e nas frutas cítricas.

Característica: Possui um aroma e sabor cítrico e adocicado parecidos com o limãolaranja tangerina.

Efeitos: Bactericida, fungicida e anti tumoral.

CarioFileno

Este terpeno é encontrado em diversas ervas e especiarias, como diversos tipos de pimentas, cravos e folhas de canela.

Características: Para além da sua picância, em termos de aroma e sabor assemelha-se à pimenta do reino.

Efeitos: Analgésico, redutor da pressão sanguínea.

Pineno

Além das citadas propriedades terapêuticas dos outros terpenos, estes também são utilizados em medicamentos tendo efeito expetorante e broncodilatador.

Características: Este terpeno tem um aroma e sabor amadeirado parecidos com o pinheiro alecrim. 

Efeitos: Expetorante, antisséptico, aumenta o foco, energético.

Limnalo

Este terpeno é encontrado com frequência em plantas como a lavanda, coentro, manjericão, entre outras.

Características: De aroma e sabor temos a lavanda e flores da primavera.

Efeitos: calmante, anti ansiedade, sedativo e anticancerígenos.

Humulina

Este terpeno também é encontrado no lúpulo (ingrediente da cerveja), gengibre, ginseng e sálvia.

Características: No seu aroma e sabor destaca-se amadeirado, levemente apimentado e floral.

Efeitos: anti tumoral, bactericida e anti inflamatório.

O que são Tricomas?

Os tricomas são apêndices epidérmicos encontrados em várias espécies de plantas.

Os tricomas apresentam diferentes formatos, podendo ser estruturas semelhantes a pelos ou estruturas secretoras (glândulas de resina) fazendo com que tenham diversas funções:

1. Podem estar relacionados à redução da perda de água pela planta e à diminuição da incidência luminosa, por formarem uma densa cobertura que serve como uma barreira mecânica.

2.  Também estão ligados à produção de secreções ou substâncias, tais como óleos, néctar, sucos digestivos e resinas, apresentam uma variada quantidade de funções na planta.

Exemplo disso são os tricomas que afastam insetos, predadores herbívoros ou fungos. Por outro lado há flores que produzem tricomas com função inversa ou seja, atraem os insetos polinizadores.

Contudo, os tricomas encontrados na planta Cannabis são ainda mais importantes na medida em que segregam a resina carregada com todos os canabinoides (THC, CBD, CBN, dentre outros).

Os tricomas atingem o seu ponto alto durante a fase de floração, produzindo a maioria dos benefícios existentes na Cannabis neste ciclo de vida da planta.
A mudança na cor e a floração dos tricomas determinam a maturação da planta.

tricomas

  • Apenas tricomas claros (imaturos) – como os tricomas claros são imaturos, há muito pouco canabinóide para se extrair da planta, o que torna desinteressante para a colheita, pois não estão presentes os seus elementos terapêuticos.
  • Tricomas claros e nublados misturados (semi-maduros) – momento em que os tricomas começam a atingir a maturidade.  Nessa fase, o perfil completo de canabinóides e terpenos ainda está ausente, resultando assim numa proporção mais elevada de THC e CBD.
  • Tricomas nublados (maduros) – estes indicam o ponto alto de maturação. Nesta fase encontramos todos os elementos que resultam em efeitos terapêuticos da planta.
  • Tricomas mistos nublado e âmbar – à medida que os tricomas se tornam âmbar, o THC começa a se degradar e os níveis de CBN aumentam. Isso produz um nível naturalmente mais sedativo. Como ainda existem níveis significativos de THC e terpenos, a eficácia terapêutica permanece semelhante.
  • Tricomas Âmbar – quando a maioria ou todos os tricomas ficam da cor âmbar, os canabinóides mais importantes ter-se-ão degradado e a planta terá pouca utilidade terapêutica.

O que são canabinoides?

Canabinoides são substâncias produzidas pelos organismos tanto de mamíferos (como nós, humanos), quanto de vegetais.

Nos mamíferos, são chamados de endocanabinoides ou canabinoides endógenos que ajudam a equilibrar as funções do corpo.

Nas plantas, o nome correto é fitocanabinoide ou canabinoide exógeno, que, para elas, funciona como uma espécie de proteção.

Estes fitocanabinoides são as substâncias da cannabis que interagem com os organismos animal associando-se aos endocanabinoides.

É graças a essa interação natural que a planta cannabis é usada para fins terapêuticos.

A variedade de patologias para as quais a cannabis pode ser eficiente também é grande devido à elevada diversidade dos seus canabinoides coisa que as outras plantas não têm.

Principais Canabinoides

São muitos os canabinoides presentes nesta planta logo, tornar-se-ia impossível descrever todos num único texto, pelo que se destacar:

  • Tetrahidrocanabinol (THC)

O tetrahidrocanabinol (THC) ou Delta(9)-Tetrahidrocanabinol (Δ9-THC) é, provavelmente, o canabinoide mais famoso.

É o responsável pelo efeito psicoativo da cannabis e liga-se principalmente aos receptores encontrados no cérebro.

É capaz de reduzir ou, até mesmo, eliminar dores, náuseas e stress, além de estimular o apetite e combater as insônias.

Alguns de seus efeitos já foram comprovados em estudos clínicos e, atualmente, fármacos com a sua presença são aplicados como analgésicos (principalmente no caso da dor crônica e neuropática), no controle de espasmos causados pela esclerose múltipla e como antiemético (no tratamento de enjoo causado por quimioterapia).

Outros possíveis benefícios ainda são alvos de pesquisas. Sugere-se que o THC funcione como um neuro protetor, podendo ser eficiente contra epilepsia e outras doenças degenerativas, como o Alzheimer e Parkinson.

Além disso, como anti-inflamatório, poderá ser útil no tratamento de doenças como artrite reumatoide; e como um anti tumoral, impedindo o crescimento de células cancerígenas.
  • Canabidiol (CBD)

Também bastante conhecido, o canabidiol (CBD) é, atualmente, o canabinoide mais usado em todo o mundo para o uso medicinal.

Não possui efeitos psicoativos e representa quase 40% dos extratos da planta.

A sua eficiência está mais que comprovada e os resultados são positivos no tratamento de epilepsia, ansiedade e até Alzheimer.

Ao entrar no organismo humano, o CBD conecta com outros neurotransmissores, como os de adenosina e serotonina. Essa interação resulta em efeitos positivos relacionados à ansiedade, inflamação, cognição, controle motor, perceção da dor, náusea e apetite.

  • Canabinol (CBN)

Trata-se de um canabinoide com efeito psicoativo, que surge da degradação do THC. Ou seja, quanto mais a cannabis é envelhecida, maior é a concentração de CBN. Há pouquíssimo canabinol na planta in natura.

O Canabinol potencializa os efeitos do THC, causando no corpo humano sensação de estado alterado de consciência e desanimo, além de leve sedação.

Acredita-se que o CBN possa ser útil no tratamento de dores crônicas e glaucoma, bem como no estímulo ao apetite, mas ainda não existem estudos conclusivos.

  • Canabigerol (CBG)

Este canabinoide ainda é pouco estudado, mas tem um volume crescente de pesquisas em andamento, como mostra o relatório Cannabis – Pesquisa, Inovação e Tendências de Mercado da The Green Hub.

Os dados existentes sobre o CBG apontam efeitos anticancerígenos, anti-inflamatórios, analgésicos e bactericidas.

Há ainda a possibilidade da sua aplicação no tratamento de epilepsia e glaucoma, já que parece ter impacto na redução da pressão intraocular.

O CBG é um canabinoide não psicoativo e abundante em plantas com baixo teor de THC.

  • Ácido tetrahidrocanabinol (THCA)

O THCA ou ácido tetra-hidrocanabinólico, é o THC na sua forma ácida e existe, maioritariamente, na planta in natura.

À medida que a planta seca após ser colhida, o THCA vai-se convertendo lentamente em THC.

O calor acelera essa conversão através do processo químico conhecido como descarboxilação, que retira o grupo carboxilo (COOH) extra na sua composição.

O THCA não tem efeito psicoativo ao contrario do THC.

  • Tetrahidrocanabivarin (THCV)

O THCV (tetrahidrocanabivarin) é semelhante ao THC na sua estrutura molecular e nas propriedades psicoativas, causando efeitos completamente diferentes.

Ao contrário do THC, que causa fome, este composto provoca a diminuição do apetite.

Devido ao efeito inibidor da fome, o THCV despertou recentemente o interesse da empresa britânica GW Pharmaceuticals, que estuda a possibilidade de criar um medicamento com este canabinoide para tratar a obesidade.

Algumas pesquisas também sugerem eficiência do THCV para controlar níveis de açúcar no sangue e reduzir a resistência à insulina, além de atuar nas células ósseas, ajudando no crescimento.

O canabinoide também tem capacidade de potencializar os efeitos medicinais do THC.

  • Canabicromeno (CBC)

Apesar de menos famoso, em relação ao CBD e THC, o Canabicromeno (CBC) é de extrema importância porque age ativando recetores do organismo e pode aumentar os níveis dos endocanabinoides naturais do corpo como, por exemplo, a Anandamida – conhecida como a substância da felicidade.

Embora este composto tenha os seus próprios benefícios, os pesquisadores também acreditam que pode trabalhar com outros canabinoides, num processo conhecido como efeito entourage, quando dois ou mais elementos se unem e potencializam o efeito um do outro.

De formula isolado, ajuda no combate ao cancro, dores e inflamações, depressão e até o acne.

  • Cannabidivarin (CBDV)

O cannabidivarin (CBDV) assemelha-se ao CBD.

Já é aplicado pela GW Pharmaceuticals num medicamento para convulsão.

O CBDV pode auxiliar também em tratamentos neurocomportamentais, como Síndrome de Rett, tanto para convulsões quanto no resgate da memória afetada pela doença.

Há indícios de que o CBDV seja benéfico no combate à distrofia muscular.

Conclusão:

A planta cannabis tornou-se na planta mais versátil para a Saúde Humana devido à elevada diversidade dos seus Canabinoídes.

Conclui-se assim que os tricomas são elementos essenciais da planta Cannabis, pois são nestas estruturas secretoras que se concentram todos os elementos que estão ligados ao potencial terapêutico e medicinal da Cannabis.

Encontramos nestas secreções todos os canabinóides, flavonóides e terpenos que compõem a planta.

Além disso, conferem sabor, aroma e proteção para a planta e potencializam a sinergia de todos estes compostos, ocasionando o chamado efeito “entourage”.

 

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